sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O jogo começou

O ano acaba, o ano começa. Banalidades que eu, tu e nós cronometramos e tentamos identificar como meta de um objectivo: o concretizar. Poderia facilmente apagar em pequenos gestos o que foram 365 dias de um longo horizonte, por vezes descolorido. Poderia, igualmente, descrever em estranhas palavras o que insisto em manter vivo o que aconteceu em igual tempo.

Nenhum dos dois me trará aos dias o caminho no mapa, sinalizando o próximo objectivo. Não me trará, igualmente, o seu sorriso fortemente marcante, o momento de chamas que me fez brilhar, ou tudo o que me trouxe a fonte aos olhos. Não me fará sentir o seu toque, a sua mágoa, o seu suspiro matinal ou o seu quente abraço, forte, inexplicável. Pouco me fará lembrar cada palavra sua, cada momento nosso, cada caminhada minha agarrado à solidão, de mão dada. Tudo está marcado a ferros, incluindo a dor. Sim, a dor. A dor do tempo que passou, do sorriso que teimei em não dar, da mão que não estendi, da palavra que não soltei. Do erro que marquei, das falhas que não escondi, do tempo que gastei. Dos tremores do meu mundo, das tristezas que apaguei e que não desapareceram. Até do que criei, do que insisti, do que mudei. Não, não apago. Revolto-me, sim, por mais um ano onde o que fiz foi o que não fiz, o que lutei foi o que hoje ainda luto. Luto, sim. E volto a lutar, segura-me.
Hoje, amanhã e depois. O passo que dou em frente faz tudo começar de novo. Não do zero, mas do negativo que ainda procuro recuperar. Tudo significa uma nova etapa, a página que viro de um livro em branco. Toma, a caneta, escreve o que nunca foi dito, rasga, marca, risca vigorosamente para que tudo se preencha, tudo se perceba mesmo que eu não o deseje.

Assim, caminho novamente na mesma rua, no mesmo lugar. Nada mudou, a vontade mantém-se igual a si mesma. A tua presença é nula, o meu mar é imenso. Aparece, liberta-me do que me segura e mostra-me o espelho da luz. A partir de hoje, o meu passo será a minha glória em dias contados, em prazeres vulgares, em tristezas aprisionadas.

Sim, o sol voltou a nascer, como ontem. Senta-te, ele amanhã estará de volta, e depois. Por isso, escreve uma página de cada vez. Resguarda-me nas notas, o jogo começou.

6 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Surpreendente?
Extraordinário?
Ou até mesmo , apaixonante?

Sabes L <3, tu sabes o que escreves. Sabes o valor que tens, o valor que tens para mim. Tudo. Tudo isso não são só momentos, nem palavras. Nem promessas ou confissoes.


Apenas te digo.
Gosto muito de ti, e estarás sempre patente na minha vida com um enorme orgulho cravado no rosto :)

Magnífico L <3
Beijinho! Soraya*

Sii' disse...

ESTÁ PERRFEITO!

Nessye disse...

Nice.

LitZine disse...

Olá!

Encontrámos o teu blogue e, pelo que vimos, és o tipo de pessoa que procuramos.

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Obrigada :)

- Amanda disse...

Tipo, adorei o jeito que você escreve !

Beijos, Amanda Steilein ;*