quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O fim

Experiências angustiantes. Falsidades duradoras. Sofrimentos infindáveis na luta contra o passado. Ou contra o presente, esquecendo agora o futuro. Obscuridades presentes num tempo indefinido. Por vezes contínuo. Por vezes solto. Por vezes ..

Selecciono pedaços do que pretendo eliminar. Não tudo, apenas partes que acho irrelevantes. A irrelevancia trás-me o que pretendo, a certeza de que não trago comigo o passado. Aquele em que tu entras, nós entramos, eles entram. Personagens principais de memórias por apagar. Por esquecer. Acima de tudo, por desvendar. Sou audaz na luta contra mim próprio. Venço e perco em simultâneo. Incriveis factos de uma vida, de incertezas. Por mim, tudo acabava agora. O fim.

Anseio que chames o meu nome. Que o grites, que o escrevas, que o repitas um número de vezes infindável até ele ficar gravado. Queria ouvir-te, mas não consigo. Fechei-me sobre quatro paredes e um tecto impossíveis de transpor. Fui trancado sobre mim mesmo. A saída permanece invísivel, e não tenho vontade de jogar este jogo. O das escondidas. Por isso, acomodo-me. Não é desconfortável, e a escuridão já faz parte de mim. Por isso repito, o fim.

Mesmo livre, sinto-me preso. Incrivelmente preso a algo que não recordo. Que não sei. Sou uma mistura de lembranças com o presente, de sonhos com mágoas. Sou isto, e aquilo. E o que não sou também. Sou indefinido. Ainda não me encontrei no meio desta escuridão. Ela parece eterna. Ela é eterna. Se luto, caio. Se me levanto, volto a cair. Se me sento, empurram-me. Sou fraco, admito. Não sou o único, mas sinto-me sozinho, perdido. E a minha maior fraqueza é pensar que posso ser forte. Daqueles que não caem. Daqueles que conseguem ser o que querem ser. O que são. Sou fraco agora, e no fim.

A ajuda veio. Mas não chegou a mim. Ficou perdida nesta escuridão que me envolve. Outra vez a escuridão. Não vale a pena lutar contra ela, eu perco. De certeza. Estou farto de ser o passado no presente que sonha o futuro. Um conjunto de tudo e de nada. Um ser perdido, sem nada. Não sonho ser feliz, sonho desaparecer. Sonho fugir logo que apareça a saída. Fugir daqui, para longe, bem longe. Nunca mais voltar. Ir para o início, provar que sou o que sou. Ou seja, nada. Mais uma vez, sinto o início do fim.

O fim. Fim de tudo, o fim. Aguardava este momento, sempre. Não sei o que pensar, sei que sou nada. E que este, é o meu fim.

Agora, quero ser. Quero estar. Quero voltar á inocência perfeita de cada momento. Ao inesquecível. Ao possível. Quero crescer, ter a vontade de o ser, o sorrir. O fim é o início.

Por isso, quero o fim. Este fim.